Em comemoração aos 25 anos de história do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas NEAB na região serrana, a Uniplac deu início, no dia 16 de outubro, a uma série de atividades que se estenderão até a Semana da Consciência Negra, em novembro. O evento de abertura, realizado no Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CCET), reuniu estudantes, professores e convidados em uma noite de cinema, debate e valorização da cultura afro-brasileira.

A programação começou às 19h, com a exibição do premiado filme “Marte Um”, dirigido por André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Maurílio Martins e Thiago Macedo Correia. A obra, conhecida por seu olhar sensível sobre a vida de uma família negra da periferia, foi o ponto de partida para uma reflexão profunda sobre identidade, desigualdade e afeto.

Após o filme, o público acompanhou um debate enriquecedor com dois convidados especiais: Matheus Eduardo Borsa e Sérgio Anansi.

Borsa é mestre e doutorando em História Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professor da rede estadual de Santa Catarina e pesquisador nas áreas de pós-abolição, masculinidades e paternidades negras. Autor do livro “Além das Ausências: paternidades negras no pós-abolição de Lages-SC”, ele destacou a importância de revisitar a história local a partir da perspectiva das famílias negras.

“Unindo história, memória e pensamento negro contemporâneo, buscamos compreender as complexidades das paternidades e das masculinidades negras, que seguem sendo temas urgentes e necessários”, afirma Borsa.

O segundo convidado, Sérgio Anansi, é realizador audiovisual e pesquisador nas áreas de Antropologia Social, Cinema, Educação e Geografia. Sócio administrador da produtora Filmes de Apartamento e associado da APAN (Associação de Profissionais do Audiovisual Negro), Anansi tem ampla atuação em produções e formações voltadas ao cinema negro. Ele também é cocriador da disciplina de Cinema Negro da UFSC e organizador do Lab. Aquilombasul, laboratório voltado a projetos audiovisuais de realizadores negros.

Maria Fernanda Alamini, mestranda em Antropologia pela UFSC e integrante do Núcleo de Identidades e Relações Interétnicas (NUER), também participou da organização do evento. Para ela, atividades como esta reforçam o papel do NEAB como espaço de diálogo e transformação social.

O NEAB Uniplac foi fundado no ano 2000 pelas professoras Maria Aparecida Gomes e Renilda Aparecida Costa, com o propósito de promover ações de ensino, pesquisa e extensão voltadas à história e cultura africana, afro-brasileira, indígena e às relações étnico-raciais. Ao longo de sua trajetória, o núcleo tem sido um importante instrumento no combate ao preconceito e às desigualdades raciais no ambiente acadêmico e na sociedade.

Entre o público presente, o aluno da Uniplac, Artur Miranda, destacou o impacto emocional e social do filme exibido: “O que mais me chamou a atenção foi a sensibilidade do filme. Ele não cai em clichês, os personagens são muito humanos e complexos. As desigualdades são sentidas no cotidiano, mas apresentadas com humor e leveza”, disse o estudante.

Texto: Eliel Guedes / Central de Notícias Uniplac - CNU / Publicado dia 20/10/2025