Entre os mais de dois mil atletas que participam desta edição do Parajasc, realizada em Lages, também há quem viva a experiência do esporte fora das quatro linhas. É o caso de Nicolas Gomes, acadêmico da quarta fase de Educação Física da Uniplac, que atua como árbitro nas partidas de Goalball, modalidade exclusiva para pessoas com deficiência visual.
O convite para vivenciar essa oportunidade surgiu a partir da coordenação do curso, que buscou alunos com disponibilidade para aprender sobre a arbitragem da modalidade e se envolver no evento. Nicolas abraçou o desafio e, desde então, tem aproveitado cada momento.
Para ele, o aprendizado tem sido enriquecedor. “É uma experiência muito diferente, né? A gente conhece outro tipo de pessoa. Os deficientes visuais, por mais que tenham a dificuldade, têm a parte sensorial muito desenvolvida. A audição deles é 100% e o tato também, para poder sentir as regiões da quadra”, explicou.
O estudante contou que a arbitragem exige atenção redobrada, principalmente por causa da comunicação. “Por todos os comandos serem em inglês, se a pessoa tem dificuldade com o idioma, vai ser um pouco mais difícil. Todos que estão na arquibancada, que também são deficientes visuais atletas, precisam escutar o que está acontecendo em quadra”, destacou. Apesar de não falar inglês no dia a dia, Nicolas encara o desafio: “O primeiro contato falando mesmo o inglês está sendo no Parajasc”.
Além da técnica, ele ressalta o respeito dos atletas dentro de jogo. “Eles sabem tudo o que têm que fazer, então não desrespeitam nenhuma regra. Às vezes, quando cometem alguma infração, eles mesmos já sentem que erraram e avisam. É algo impressionante”.
Participar da arbitragem no Parajasc também abriu portas para novos aprendizados. Nicolas lembrou que a preparação contou com uma clínica de Goalball, com a presença de árbitros experientes, como Roger, que já integrou a seleção brasileira. “Aqui no estado não tem clínica de Goalball. Então, ter essa oportunidade é algo que agrega muito para a carreira”, afirmou.
Ao final, Nicolas reconhece que a experiência está sendo transformadora, tanto pessoal quanto profissionalmente. “É um mundo totalmente diferente. Eu acho que todo mundo deveria saber o que é o Goalball e como se pratica. Para mim, vai ficar como um diferencial na minha formação”, concluiu.
Entenda o Goalball
O jogo é disputado em quadra por duas equipes de três jogadores cada. Todos utilizam vendas nos olhos para garantir igualdade entre atletas cegos e com baixa visão. A bola tem guizos em seu interior, permitindo que os competidores se orientem pelo som.
O objetivo é lançar a bola com as mãos em direção ao gol adversário, enquanto o time oposto tenta defender o arremesso usando todo o corpo. A atenção, a audição apurada e o senso de espaço são as principais ferramentas dos jogadores.
O esporte surgiu após a Segunda Guerra Mundial como forma de reabilitação para soldados que perderam a visão, e hoje é reconhecido mundialmente, inclusive como modalidade paralímpica.
TEXTO: Lara de Souza/ FOTOS: Camila Becker/ CNU – Central de Notícias Uniplac / Publicado dia 19/09/025.