Nem sempre o aprendizado jurídico nasce de livros ou códigos. Às vezes, ele surge do encontro direto com a comunidade, de conversas com dirigentes de entidades e do desafio de transformar teoria em soluções reais. Foi isso que marcou a devolutiva da disciplina de prática extensionista do curso de Direito da Uniplac.
Sob orientação da professora Daniele Cristiane Hoff Marinho de Camargo e do professor Celio Adriano Spagnoli, os acadêmicos tiveram a missão de analisar o estatuto social da Associação dos Deficientes Visuais do Planalto Serrano (ADVIPS) e propor ajustes jurídicos. Mais do que revisar documentos, os estudantes mergulharam na realidade da entidade e vivenciaram, de perto, o papel social do Direito. Para a professora Daniele, o resultado foi expressivo. “Os alunos não quiseram se limitar ao material do estatuto. Eles buscaram a diretoria, conversaram com a assistente social, com o psicólogo e com a presidente da entidade. Esse interesse espontâneo mostra o quanto a disciplina estimula empatia, solidariedade e a vontade de ir além da teoria”, destaca.
Já o professor Spagnoli reforça a importância dessa experiência para a formação acadêmica. Segundo ele, a disciplina exige um olhar crítico e profundo sobre documentos jurídicos, mas vai além da técnica. “Eles não são apenas executores, são pensadores. Elaboram críticas, pesquisam, desenvolvem pareceres jurídicos que servem como guias para entidades do terceiro setor. Essa vivência transforma o aluno em um futuro jurista com visão humanizada”, afirma.
Entre os estudantes, a experiência também deixou marcas. Acadêmico do quarto semestre, Matheus Felipe Stanski, conta que o momento mais impactante foi a reunião com os dirigentes da ADVIPS. “Depois da conversa, mudamos cerca de 90% do que tínhamos feito. Percebemos que o conhecimento teórico não bastava sem ouvir as demandas reais. Foi uma virada de chave”, relata. Para ele, a disciplina revelou a importância de usar o Direito como serviço à comunidade: “Como a professora Dani sempre diz, precisamos ser voz daqueles que não têm voz”.
O trabalho resultou em um parecer jurídico orientativo entregue à entidade e também abriu espaço para novas iniciativas. Parte dos alunos decidiu, por conta própria, produzir um artigo científico a partir da experiência, refletindo sobre a terminologia de “Pessoas com deficiência visual”.
“Ao final, ficou claro que a disciplina de prática extensionista não é apenas um exercício acadêmico. É um convite para que os estudantes compreendam que o Direito pode, e deve ser, uma ferramenta de transformação social », finaliza a professora.
Texto: Tiago Blum / Fotos: Coordenação do Curso de Direito da Uniplac / Central de Notícias Uniplac (CNU) / Publicado dia 04/09/2025.